A obra “A plantação de sisal” (2002), executada em óleo sobre tela, apresenta um momento significativo na trajetória inicial do artista, evidenciando tanto o apreço por suas raízes culturais quanto a valorização do universo sertanejo. A pintura destaca-se pela riqueza de detalhes e pela forte carga emocional que carrega, trazendo à cena a figura central de uma mãe com uma criança nos braços e um pote equilibrado sobre a cabeça. Essa representação, ao mesmo tempo poética e realista, transmite uma mensagem poderosa sobre o amor materno, a labuta diária na lavoura e a resiliência típica do povo do sertão.
A presença da mulher é um elemento constante na produção do artista em todas as fases de sua carreira, assim como a vegetação característica da caatinga: o mandacaru, a palma e, claro, o sisal. Esses elementos vegetais funcionam quase como uma moldura viva, situando a obra em um contexto ecológico e sociocultural bem definido. O sisal, cultura de grande relevância econômica e simbólica para determinadas regiões do Brasil, funciona aqui como um elo entre a terra, o trabalho e a história familiar.

O reconhecimento da qualidade da obra não se limitou ao âmbito regional. Em 2006, durante o III Salão de Arte Moderna, a pintura “A plantação de sisal” recebeu a medalha de prata. Além disso, há referência a um prêmio concedido pelo “Osterreicheisches Lateinameca Instituti”, o que reforça o alcance internacional da obra e do artista, valorizando ainda mais a importância desse trabalho na trajetória do pintor e na difusão da arte brasileira.
Cida Lima