pintura
Os repentistas
Na vibrante obra Os Repentistas, Eduardo Lima eterniza uma das mais autênticas expressões culturais do Nordeste: a poesia cantada do repente. Dois violeiros, sentados lado a lado sob o luar radiante, dedilham seus instrumentos com os olhos semicerrados e rostos iluminados pela inspiração. Suas roupas coloridas, sandálias de couro e chapéus típicos destacam o regionalismo com orgulho e leveza. A composição, tomada por um azul intenso e vegetações simbólicas do sertão, como cactos e flores de mandacaru, confere à cena um clima místico, quase mágico, como se a própria terra nordestina estivesse vibrando junto com os acordes da viola.
O estilo Eduardeiro está mais uma vez presente nas formas arredondadas, nos rostos expressivos e na estética que mistura simplicidade e exuberância. As mãos em ação, os semblantes compenetrados e o uso de cores vivas transmitem movimento, musicalidade e poesia visual. Ao fundo, casinhas miúdas repousam sobre colinas verdes, criando uma profundidade que remete ao interior do Brasil, onde a arte do improviso ainda pulsa viva. Esta pintura não apenas retrata músicos — ela canta, encanta e convida o espectador a ouvir com os olhos as rimas que brotam do coração do sertão.
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